Foi num programa de TV que vi um documentário sobre um
hospício criado no inicio do século passado onde milhares de pessoas
foram vítimas de um genocídio.
Logo me interessei pelo assunto por se tratar
de uma barbárie que aconteceu tão perto de nós, e há tão pouco tempo, e
que quase nada se foi divulgado pela imprensa.
O livro contém não só textos, mas também dezenas
de imagens revoltantes do cenário deplorável no qual milhares de
pacientes do Colônia eram obrigados a conviver.
O “trem de doido”, expressão usada por Guimarães
Rosa em um de seus livros de contos sobre o Colônia, chegava cheia de
pessoas, na maioria delas indigentes ou simplesmente pessoas que eram
consideradas indesejadas pela sociedade, na estação Bias Fortes.
Cerca de 70% não tinham diagnóstico de doença
mental. Eram epiléticos, alcoólatras, prostitutas, homossexuais, meninas
que perdiam a virgindade antes do casamento, e até mesmo esposas que
foram trocadas pela amante.
A vida no hospício de Barbacena era sub-humana.
Os pacientes eram obrigados a dormir em cima de palha, bebiam água do
esgoto que passava no meio do pátio onde tomavam seu banho de sol. A
comida era escassa e muitos sobreviviam comendo ratos e pombos. Suas
roupas eram retiradas e a cabeça raspada. Muitos andavam completamente
nus numa cidade onde a temperatura pode ser baixíssima no inverno.
Os pacientes morriam de frio, de fome, de doenças e também por causa dos choques utilizados para acalmar os mais agitados.
E isso é apenas um grãozinho de tudo o que você
descobrirá lendo esse livro chocante, e tenho certeza que ele mudará sua
visão em vários aspectos em relação ao sistema psiquiátrico do Brasil.